No imenso mosaico da educação brasileira, há um desafio persistente que requer atenção: as dificuldades na alfabetização, que são multifacetadas e refletem uma combinação de questões estruturais, sociais e pedagógicas. Enquanto o país avança em diversas áreas, a habilidade fundamental de ler e escrever ainda é um desafio para muitos. Um levantamento realizado pelo Ministério da Educação (MEC) revela que 56,4% dos brasileirinhos não estão alfabetizados.
A professora do curso de Pedagogia do Centro Universitário Estácio São Luís, Grace Kelly, cita alguns fatores que contribuem para o panorama atual de desafios na alfabetização brasileira. “A falta de investimento na educação limita a capacidade das escolas de fornecer materiais didáticos adequados e formação apropriada para os professores. A desigualdade socioeconômica também é um fator, uma vez que crianças de famílias com menor renda muitas vezes enfrentam maiores desafios na alfabetização devido à falta de acesso a recursos educacionais adequados. E também podemos destacar a carência de formação de professores para lidar com as especificidades dos processos de ensinar e aprender alfabetização e letramento, considerando, por exemplo, os diferentes tipos de aprendizagens”, explica.
Esses fatores também geram consequências negativas para o desenvolvimento das crianças. “A alfabetização é a base para o aprendizado em outras áreas. Crianças que têm dificuldades em ler e escrever podem enfrentar barreiras significativas em seu desenvolvimento educacional e cognitivo. Além disso, baixos níveis de alfabetização podem levar à desmotivação e ao desinteresse pela educação, resultando em uma maior chance de abandono escolar e limitar as oportunidades de emprego e o desenvolvimento socioeconômico das pessoas no futuro”, destaca a professora.
Afinal: como é possível mudar essa realidade? De acordo com a pedagoga, famílias e poder público têm papel fundamental nessa transformação. “Pais e familiares podem estimular a alfabetização em casa, lendo para as crianças, incentivando a prática da leitura e apoiando seu envolvimento na escola, por exemplo. E o governo deve priorizar a educação, investindo em infraestrutura escolar adequada, fornecendo didáticos e tecnológicos atualizados, além de garantir a formação e capacitação continuada dos profissionais da educação . Além disso, políticas públicas direcionadas para a redução da desigualdade socioeconômica, como programas de bolsas de estudos e acesso a livros também podem ajudar a ampliar a alfabetização”, finaliza a profissional.
Por Tayã Santana