A realidade da violência contra a comunidade LGBTQIA+ no Brasil tornou-se o cerne de “Bergamota”, um curta-metragem surpreendente que não apenas expõe essa dura realidade, mas também arrebata prêmios ao redor do mundo. Protagonizado por um gay de meia-idade, o filme tece elementos de suspense, terror e crítica social, oferecendo uma narrativa que vai muito além das expectativas.
Em uma entrevista ao Portal Terra, o diretor e roteirista Hsu Chien e o ator principal e produtor Marcio Rosario, revelam que o filme foi inspirado em tragédias reais, trazendo à tona um alerta
sobre a violência que assola a comunidade LGBTQIA+, particularmente em encontros casuais.
“O filme foi inspirado em fatos reais, e dentro do gênero Terror/Horror, há um alerta sobre essa tragédia social que acontece mais do que se imagina, e não somente na comunidade gay, mas, em geral”, compartilha Marcio Rosario.
O protagonista do filme é um homem de meia-idade, um perfil muitas vezes marginalizado no universo LGBTQIA+, mas essa escolha não foi casual. Marcio Rosario destaca: “Fiquei muito feliz em representar esse homem em torno de 50 anos. Pude explorar outros elementos do meu ofício de interpretação.”
O filme, intitulado “Bergamota” em referência à tangerina no sul do Brasil, transcende fronteiras e quebra estereótipos ao abordar o terror LGBTQIA+ no Brasil. A recepção tanto na comunidade quanto na imprensa tem sido positiva, e o filme já conquistou mais de 20 prêmios em festivais internacionais.
“Bergamota” não se limita a proporcionar sustos. Ao se aprofundar nos gêneros Terror, Thriller e Slasher, o filme apresenta uma simbologia profunda para refletir temas que causam angústia e ansiedade na sociedade. A escolha do preto e branco, inspirada em clássicos como Hitchcock, Hammer e filmes noir, cria uma atmosfera soturna e claustrofóbica, fazendo com que o espectador construa a cor em sua mente.
Com uma carreira notável em festivais, “Bergamota” não para por aí. Marcio Rosario revela que estão trabalhando para transformar o curta em longa-metragem: “Finalizamos o argumento e agora estamos na fase de desenvolver o roteiro a pedido de uma distribuidora. Vamos incluir novas camadas nos personagens e mais reviravoltas na versão longa da história.”
Sobre a possibilidade de representar o Brasil no Oscar, Hsu Chien acredita que o filme cumpre todos os requisitos da nova política da Academia do Oscar, que busca dar mais visibilidade a diversas perspectivas. “Em termos de diversidade, nosso filme está em sintonia com essa nova política.”
“Bergamota” emerge como uma voz audaciosa no cinema brasileiro, trazendo não apenas terror, mas uma narrativa rica e reflexiva que ressoa globalmente. Seus criadores esperam que o filme não apenas assuste, mas também inspire diálogos mais profundos sobre as questões que afligem a comunidade LGBTQIA+ no Brasil e no mundo.