Um padre de Ponta Grossa, no Paraná, foi denunciado à Cúria Diocesana de Ponta Grossa por homofobia após um discurso feito no último dia 5 de janeiro de 2024, em missa celebrada na Paróquia São João Paulo II. A declaração, proferida por Wagner Oliveira da Silva, foi considerada homofóbica por um casal de mulheres que acompanhava o rito e pediu para não ser identificado.
“Será que você tem amado aquela pessoa que convive com você?“, questiona o padre no início do discurso. “Não esse amor banalizado que o mundo apresenta, esse amor que junta pessoas de qualquer jeito para viver uma sexualidade desregrada e diz que é amor. Junta dois homens, duas mulheres ou poliamores e diz que é amor. Isso nunca vai ter a benção de Deus, isso não é amor de verdade, isso é meramente coisa humana”, completa ele.
Diante da fala, foi formalizada uma denúncia à Cúria Diocesana de Ponta Grossa. “Nós duas somos criadas dentro da Igreja, apesar da nossa orientação sexual, e não somos respeitadas por isso. Nós respeitamos a religião em que fomos educadas, mas isso não dá o direito de um padre dizer o que pensa e nos desrespeitar”, disse uma das denunciantes ao portal D’Ponta News. “Ele sabia que estávamos lá; em outra oportunidade ele já agiu com preconceito. Só que dessa vez não vou me calar. Isso é propagação de ódio, de uma fala que não pode existir”.
“A situação foi lamentável porque aonde deveríamos nos sentir bem e acolhido é na igreja, porque sabemos que o lado de fora é tudo complicado, as pessoas julgam, mas quando é apontado dentro da igreja, dói muito”, afirma a outra denunciante. “Ele soltou aquilo sem necessidade. E o que mais me entristece é que parecia que ele estava falando para mim. Aquela hora meu mundo caiu, a vergonha, porque eu estava no meio da igreja“, desabafa.
De acordo com o portal, denúncias foram registradas para a Cúria Diocesana e no Ministério Público. Formalizado através do serviço Fale Conosco disponível no site da instituição religiosa, o pedido por um posicionamento não foi respondido. Diante do silêncio dos representantes da Igreja, as mulheres se dirigiram até o Ministério Público, que arquivou o caso no dia 24 de janeiro, mas outro processo ainda está em andamento.
A Cúria Diocesana e o padre Wagner foram procurados pela reportagem do D’Ponta News sobre um posicionamento sobre a situação. A instituição afirmou que irá averiguar com o responsável pelo site a questão da denúncia. Já o padre Wagner afirmou que o trecho em questão foi retirado de contexto.