DENTIDADE APAGADA A CRUEDADE DA HETERONORMATIVIDADE.
Há muito tempo que as religiões tentam invisibilizar determinadas pessoas, e ainda hoje se esforçam em reduzir a homossexualidade a uma doença passível de cura. Dessa percepção subvertida nascem as terapias de conversão, que pretendem mudar a orientação sexual de uma pessoa. Essas práticas condenáveis são baseadas puramente num fundamentalismo religioso muitas vezes mascarados como ajuda. É certo que os programas de conversão causam danos profundos na vida dessas pessoas, a pressão para mudar quem são, combinada com a rejeição e a vergonha impostas por essas "terapias", resulta em traumas que podem até acabar com uma vida precocemente. O filme BOY ERASED, disponível na Netflix, aborda esse tema de maneira comovente. Baseado nas memórias de Garrard Conley, a história narra a história de Jared, um jovem enviado para um programa de terapia de conversão após ser forçado a revelar sua orientação sexual aos pais, cujas crenças religiosas veem a homossexualidade como algo a ser "curado". Os dias de Jared dentro do programa expõe a brutalidade dessas práticas e o conflito interno causado pela tentativa de apagar uma parte essencial de sua identidade. Tudo isso com o apoio da família, até que sua mãe abre os olhos para a crueldade.
Ao longo da trama, vemos Jared enfrentar a dura realidade que prometia mudar sua essência. Ele era submetido a métodos abusivos e manipuladores que buscavam quebrar seu espírito e forçá-lo a renunciar sua verdadeira natureza. A narrativa foca na dor, na luta por autoaceitação e na complexa dinâmica familiar com seus pais, que acreditam estar fazendo o melhor para ele, influenciados por suas crenças religiosas. A história explora não apenas o sofrimento de Jared, mas também o impacto dessas crenças na capacidade dos próprios pais amarem o filho como ele é.
"Boy Erased" é uma poderosa denúncia contra as terapias de conversão. O filme destaca a importância da aceitação, mostrando que as tentativas de mudar a essência de uma pessoa são não apenas fúteis, mas também profundamente prejudiciais. Essa é uma história de resiliência e um lembrete de que a verdadeira cura vem da aceitação de si mesmo e do apoio daqueles que nos amam pelo que somos.