“É assustador. Fiquei muito nervosa só de sentir a corrente passando para a minha mão. Mas, consegui largar o fio a tempo senão, com certeza, o estrago seria maior e eu teria que ir para o hospital”, conta Angela Lindoso, 53. Durante a simples tarefa de organizar as luzes de natal na sala de casa, ela acabou passando por uma experiência de dor e susto. O alerta de segurança e risco de choques elétricos fica ainda mais válido no período natalino, em que muitos já começam a enfeitar suas casas com luzes e decorações festivas.
Especialistas alertam que o uso inadequado de extensões, a sobrecarga de circuitos e a utilização de itens não certificados para decorar os ambientes podem aumentar consideravelmente o perigo. “Alguns sinais comuns incluem disjuntores que desarmam com frequência, luzes que piscam ou oscilam, cheiro de queimado próximo a tomadas ou fios expostos. Outro alerta é o aquecimento excessivo de interruptores ou tomadas. Nessas situações, é essencial evitar improvisos e chamar um eletricista”, explica o professor de Engenharia do Centro Universitário Estácio São Luís, Glauber Alves.
Ao tentar pendurar uma cortina de luzes na parede da sala, Angela, que é hipertensa, conta que estava com o produto ligado nas mãos quando sofreu o choque. “Queria ver como as luzes ficariam instaladas e não me dei conta do risco. Senti uma dor muito forte na mão e uma sensação de pressão, até que consegui me soltar. Fiquei com muito medo de que a corrente passasse para o meu coração”, recorda a dona de casa.
E o alerta também é consequência das estatísticas. De acordo com o Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica 2024 - Ano Base 2023, divulgado pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), a região Nordeste lidera o ranking de acidentes causados por choques elétricos, totalizando 291 ocorrências e 218 mortes no ano passado. Por isso, ficar de olho no jeito certo de lidar com alguém que sofreu o acidente também é essencial.
“É preciso verificar se a rede elétrica já está desligada, para dar o suporte. Observe os sinais vitais, especialmente o pulso e os batimentos cardíacos, que podem estar desorganizados devido ao choque. Toda vítima de choque elétrico tem que fazer o ECG (eletrocardiograma). Além disso, deve-se monitorar o pulso durante pelo menos 5 dias consecutivos e a observar sinais como taquicardia, que é batimento cardíaco acelerado, ou bradicardia, o batimento desacelerado”, orienta a professora do curso de Enfermagem da Facimp Wyden, Raquel Borges.
Para não repetir o susto, Angela conta que está de olho nos cuidados para evitar o acidente. “Só quem passa por isso sabe o desespero que nos causa. Agora estou muito atenta em como posso pegar nesses materiais para decorar a minha casa”, afirma.
E para garantir a segurança dela e a de quem mais quiser deixar o ambiente iluminado para o Natal, o professor de engenharia tem dicas valiosas. “Usem luvas isolantes, sapatos com solado de borracha e ferramentas com cabos isolados, como alicates e chaves de fenda. Considere também usar um multímetro para verificar se há corrente antes de tocar nos fios. Recomendo ainda o uso de óculos de proteção, especialmente ao instalar ou remover lâmpadas, para evitar acidentes com estilhaços em caso de quebra”, finaliza Glauber.