A Igreja Universal do Reino de Deus publicou, na última terça (16/02), em seus perfis oficiais nas redes sociais, um texto afirmando ter curado um casal que vive com Aids. Na publicação, a instituição religiosa afirma que o casal, identificado como Manoel e Rosemeire, não aderiu ao tratamento antirretroviral e foi curado “através da fé” ao realizar a “Corrente dos 70“. Com informações da Agência de Notícias da Aids.
“Aids é uma das doenças que para a medicina não existe cura. Manoel e Rosemeire foram infectados com o vírus HIV, causando sintomas como tontura, fraqueza, falta de apetite e feridas no corpo. O casal não aceitou viver de tratamento, fizeram a Corrente dos 70 sabendo que a cura viria através da fé colocada em prática e, com a certeza de que, o tempo de milagres não acabou. Hoje, eles estão curados”, diz a publicação no Facebook. A Universal convida fiéis que também necessitam de uma “cura que é impossível para a medicina” a buscarem o tratamento espiritual.
O Fórum de ONG/Aids de São Paulo (Foaesp) protocolou uma denúncia sobre o caso junto ao Ministério Público Federal (MPF) para averiguar os crimes que podem ter sido cometidos. Em nota ao jornal O Globo, a Igreja Universal do Reino de Deus disse que a postagem tratava de um “testemunho espontâneo de um casal, que anunciou ter sido curado de uma grave doença pela Fé“. A instituição religiosa também afirmou que não fez qualquer alegação de ter curado o casal, pois “Igreja não cura“, mas a “cura se dá pela Fé“. A postagem continua nas redes sociais.
Essa não é a primeira vez que a Igreja Universal do Reino de Deus incentiva as pessoas a abandonem o tratamento contra o HIV. Em 2015, a igreja foi condenada a indenizar em R$ 300 mil um fiel soropositivo que abandonou o tratamento, deixou de usar preservativos e acabou infectando sua esposa. A Universal foi inicialmente condenada a indenizar o fiel em R$ 35 mil e alegou “ausência de imparcialidade por convicções religiosas” por parte da juíza Rosane Wanner. A reversão da sentença foi negada e ampliada em 760% devido aos danos causados à saúde da vítima.