Um grupo de sete adolescentes que agrediram um colega de escola dentro de um ônibus na cidade de Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, serão convocados para prestar depoimento à polícia. A delegada responsável pelo caso confirmou que trata-se de um crime motivado por homofobia.
O caso aconteceu no dia 25 de fevereiro, mas só foi registrado na delegacia na quarta-feira (02/03), depois que as imagens viralizaram nas redes sociais. Segundo a vítima, de apenas 15 anos, as agressões eram constantes, mas ele não denunciava a situação por medo das represálias. Nas imagens, gravadas pelos próprios agressores, mostram a vítima em pé, encolhida em um canto do veículo, enquanto é agredida sequencialmente por sete alunos. É possível também ver dois adultos tentando separar a confusão, mas eles não conseguem conter os agressores. Todos os envolvidos foram identificados pela polícia. Eles moram no mesmo bairro que a vítima, o São Vicente.
“Sofri calado porque não tenho coragem de desabafar com minha mãe, mas, dessa vez, passou dos limites e precisei falar para que ela tomasse providências. Só quero que me deixem em paz. Por favor, me deixem em paz. Nunca fiz nada para vocês. Só quero que me deem respeito, como eu dou a vocês”, pediu a vítima, em depoimento ao G1. “Não relatei antes por medo. É uma situação muito difícil. Medo de ameaças. Pelas minhas redes sociais mandam foto de arma. Por esse medo eu não denunciei”, explica ele.
Nesta quinta-feira (03/03), a delegada Thais Rosário explicou o procedimento adotado. “Foi instaurado o boletim de ato infracional“, disse Thais. Segundo ela, a vítima também realizou um exame de corpo de delito. “O segundo passo é oficializar a escola, para encaminhar os endereços dos agressores, para que os pais desses agressores possam comparecer à unidade policial e possam ser ouvidos“, explica. “Infelizmente, a situação é em razão da condição sexual da vítima, então é o preconceito. É algo muito triste ver jovens, em pleno 2022, agirem dessa forma. Os infratores podem ser enquadrados por crime análogo ao crime de racismo”.