A boa notícia para os sedentários que, só de ler o começo da coluna já começam a se lamentar, é que não precisamos agir como nossos antepassados caçadores-coletores, que gastavam mais de duas horas por dia em busca de alimento. Mesmo períodos curtos de atividade – dez ou 20 minutos diários – são suficientes para diminuir o risco de mortalidade. Os pesquisadores mostram que, além de queimar calorias, exercitar-se é algo fisiologicamente estressante, mas a resposta do corpo a esse impacto é torná-lo mais forte e resistente. Isso inclui a recuperação de fibras musculares, cartilagens e até microfraturas; e a liberação de antioxidantes e anti-inflamatórios na corrente sanguínea. “Como evoluímos para sermos ativos ao longo da vida, nossos corpos necessitam de atividade física para envelhecer bem”, resumiu Lieberman.
Emendo com outra pesquisa, publicada no “BMJ Open”, que associa o trabalho doméstico a uma memória mais afiada e maior proteção contra quedas entre idosos. O estudo foi realizado com 489 pessoas entre 21 e 90 anos, divididas em dois grupos: um com participantes até 64 anos, classificado como o dos mais jovens; e outro com indivíduos entre 65 e 90, com idade média de 75. Todos responderam a um questionário sobre suas atividades físicas: domésticas, esportivas ou de lazer. Os pesquisadores também dividiram as atividades domésticas em dois tipos: leves (lavar louça, espanar móveis, fazer a cama e cozinhar) e pesadas (limpeza de vidros, varrer ou usar aspirador no chão, trocar a roupa de cama). Apenas 36% dos integrantes do grupo “jovem” e 48% do grupo idoso atingiam o nível recomendável de exercício através do esporte ou lazer; no entanto, o percentual subia para 61% e 66%, respectivamente para cada time, quando a avaliação se referia ao trabalho doméstico.
Para quem não está totalmente convencido, aceno com um terceiro estudo: a atividade física pode levar a um cenário mais positivo para quem sofre de Doença de Alzheimer, porque diminui o nível de inflamação no cérebro. As micróglias são células do sistema nervoso central que têm função de vigilância semelhante à dos glóbulos brancos na corrente sanguínea: são ativadas para “enxotar” invasores. Entretanto, um excesso de ativação pode provocar inflamação e danificar os neurônios, mas o exercício é capaz de funcionar como um regulador para evitar que isso ocorra. O trabalho foi publicado na “JNeurosci”, revista científica da Sociedade para a Neurociência.