Preso em operação sobre a Codevasf, nomeação de Téssio Torres ocorreu um dia depois da ação da Polícia Federal que apura supostas fraudes em licitações com verbas da companhia.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) nomeou na última quinta-feira (21) o advogado Téssio da Silva Torres como desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região, em Teresina, no Piauí. Torres é cunhado de Eduardo José Barros Costa, conhecido como “Eduardo Imperador”, preso na última quarta-feira (20) em operação da Polícia Federal que buscou desarticular associação criminosa que, segundo a corporação, promovia fraudes de licitação e desvio de recursos envolvendo verbas da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).
A companhia é ligada ao Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR). Torres também é advogado da empresa Construservice, alvo da mesma operação da PF. O advogado estava em terceiro lugar na lista tríplice votada por advogados do estado, atrás de Vicente Resende e Cinéas Nogueira. Ele assume o cargo após a aposentadoria do juiz Wellington Jim Boavista.
Vários veículos de comunicação tentaram contato com o novo desembargador, mas as mensagens não foram respondidas. Ele também desligou o telefone após a identificação das reportagens, antes que os questionamentos fossem feitos. A defesa de Eduardo disse que não vai se manifestar.
Eduardo Imperador, também chamado de Eduardo DP, foi detido durante operação da PF e teve a prisão mantida em audiência de custódia na última quinta-feira. Em uma das casas dele, a polícia apreendeu R$ 1,3 milhões, além de artigos de luxo, como bolsas e relógios, que passam por perícia para que seja determinado o valor dos itens.
E MAIS…
A Operação Odoacro mira uma associação criminosa estruturada, liderada pelo “Imperador”, que promoveu e ainda promove fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, envolvendo verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) através de emendas parlamentares e também por meio orçamento secreto – distribuição de verba pública a parlamentares por meio das emendas de relator. O desvio pode chegar a R$ 200 milhões.