José de Ribamar Torreão Smith Júnior, o 'Dr. Smith', teria se apropriado de dinheiro em alvarás judiciais de clientes que deveriam receber indenizações por acidentes de trabalho.
Nesta quinta-feira (22), a Polícia Civil do Maranhão, através da Delegacia de Roubos e Furtos, em conjunto com a Polícia Civil do Ceará, prendeu o advogado José de Ribamar Torreão Smith Júnior, o 'Dr. Smith', que é suspeito de se apropriar de mais de R$ 1,5 milhão decorrentes de alvarás judiciais de clientes.
A prisão aconteceu em um bairro nobre de Fortaleza (CE), em cumprimento a um mandado de prisão preventiva expedida pela Justiça, após as investigações identificarem ao menos 11 vítimas.
Segundo a polícia, os clientes contratavam os serviços do 'Dr. Smith', mas, ao terem as ações julgadas procedentes, o advogado sacava o dinheiro inteiro, não repassava aos clientes os valores devidos e depois sumia.
Muitos alvarás, inclusive, são decorrentes de indenizações por acidentes de trabalho que deixaram as vítimas com deficiência permanentes, como a perda de membros e paraplégicas. Após a prisão, o advogado também teve bens confiscados e contas bloqueadas, visando o ressarcimento das vítimas.
Uma das pessoas lesadas foi Raimundo Bandeira, de 68 anos, que contratou o 'Dr. Smith' para atuar em um processo em que pedia indenização por danos à saúde em decorrência de 24 anos de trabalho como soldador.
Foram 10 anos de espera até perceber algumas movimentações no processo, por meio do site da Justiça, mas tentava falar com o advogado e só conseguia falar com a secretária.
"Eu queria conversar com ele para saber, para me explicar o que significava aquilo [as movimentações no processo], até porque eu disse pra ela [secretária] que, eu constituindo meu advogado, ele tem que me dizer o que está acontecendo. É obrigação dele. No entanto, ela me bloqueou", contou Raimundo.
Pelo site, Raimundo enfim percebeu que, no dia 15 de junho, a Justiça havia expedido alvará em seu favor, no valor de R$ 433.749,05. No dia 18 de agosto, ele procurou a Justiça do Trabalho e foi surpreendido com a informação de que todo o dinheiro havia sido sacado.
"Psicologicamente, até hoje eu tenho o impacto ainda. Não só pelo fato do dinheiro, mas pela confiança que eu tive na pessoa. [...] Eu acho que agora tira da sociedade um elemento vive enganando as pessoas que confiam nele. Eu não sou o primeiro e eu espero que, diante desta situação, ele resolva me devolver o que me pertence".
G1/MA