O diretor gay francês Patrice Chéreau foi um artista célebre que se interessou por cinema, teatro e ópera, mas mesmo com toda a aclamação, seu drama de 1983, “O Homem Ferido” (“l’Homme blessé”), recebeu tanto críticas quanto admiração.
Escrito pelo lendário autor gay e ativista Hervé Guibert, o filme começa em uma cidade tranquila no litoral da França. Somos apresentados a Henri (Jean-Hugues Anglade), um jovem que foge de sua família na estação de trem para fazer um cruzeiro. Em um banheiro privativo, ele encontra o malandro Jean (Vittorio Mezzogiorno) espancando um empresário mais velho chamado Bosmans (Roland Bertin) – a pedido do próprio Bosmans. Apesar do perigo que Jean representa, Henri fica em transe e se vê seguindo o vigarista até o submundo criminoso de sua cidade natal.
Com muita nudez masculina e cenas gráficas de sexo, “O Homem Ferido“ certamente estava ultrapassando os limites do gosto na época. Sem mencionar que ainda eram os primeiros dias da epidemia de AIDS, e alguns espectadores LGBTs ficaram desconcertados com sua representação frequentemente violenta da intimidade gay masculina. Em uma época em que representações positivas da comunidade na mídia eram praticamente inexistentes, esse não era o tipo de representação que muitas pessoas procuravam.
Ainda assim, o filme de Chéreau teve seus fãs – estreou no prestigioso Festival de Cinema de Cannes em 1983 e ainda levou para casa o Prêmio César (basicamente o equivalente francês a um Oscar) de “Melhor Roteiro“.