Renzo Gracie, lutador brasileiro de jiu-jitsu da lendária família de lutadores Gracie, postou no último dia 24, em sua conta no Twitter, um vídeo de uma briga de travestis com a seguinte legenda: “banheiro feminino, põe o ‘instrumento’ para fora na frente de crianças e senhoras. As mulheres, com muita educação e gentileza, pedem pra ele(a) sair! E pediram com muito ‘jeitinho’. Acho que ele(a) não voltará mais”.
O fato é que uma usuária da plataforma contou que o vídeo foi gravado em novembro de 2022 numa unidade de saúde onde pessoas trans buscam doações, e no local, duas travestis, ao se encontrarem, brigaram por questões de dívidas, ou seja, não há mulheres cis no vídeo, muito menos briga por causa de banheiro, contexto inventado pelo lutador que já tem histórico de posts transfóbicos.
No mesmo dia, Renzo Gracie postou “Aquele momento que você está num banheiro público e sabe que vai ter que meter a porraddddda num otario… Para aonde ele está olhando??? MANJAAAAA DA MISÉRIA”, insinuando que homens gays que “olharem para seu pênis” vão apanhar, em resposta e um comentador que o criticou por transfobia.
Renzo, que tem mais de 260 mil seguidores nessa plataforma, ganhou apoio de muitas pessoas que compartilham da falsa ideia de que crianças e mulheres poderão ser estupradas ou assediadas por mulheres trans em banheiros, por terem pênis, incitando mais ódio e propondo violência física contra essas pessoas.
Lembramos que o Brasil é o país mais mais mata pessoas trans no mundo, conforme relatório de 2021 da Transgender Europe (TGEU), que monitora dados globalmente levantados por instituições trans e LGBTQIA+, apontando que 70% de todos os assassinatos registrados aconteceram na América do Sul e Central, sendo 33% no Brasil, seguido pelo México, com 65 mortes, e pelos Estados Unidos, com 53.