TV sustentada com publicidade da Prefeitura de Imperatriz mantém contratação de Lucas Ferraz
Acabou sendo condenado a dois anos de prisão por lesão corporal e violência psicológica. Mas ganhou liberdade através de um habeas-corpus, e veio para Imperatriz. Na cidade, ele ganhou um novo emprego na TV que é ligada ao prefeito Assis Ramos e a deputada estadual, Janaína Ramos.
É que o diretor da TV ignorou o histórico violento de Lucas, e manteve a contração do agressor. Lucas vai estrear nesta segunda-feira, 27, sob aplausos da direção que considera a contratação do ano, mesmo sabendo que ele representa risco à integridade feminina.
Para os movimentos, não só o caso de Lucas, mas demais outros, vêm sendo tratado com indiferença pelas autoridades e emissoras de TV e rádio de Imperatriz, que insistem em contratar os agressores, muitas vezes tratando-os como estrelas.
O objetivo é “cobrar das autoridades competentes medidas mais energéticas contra casos de violência contra mulheres cometidas por jornalistas e comunicadores”.
Veja a nota de repúdio na íntegra!
A violência contra mulheres cometida por jornalistas e comunicadores vem sendo tratada com indiferença pelas autoridades e emissoras de TV e rádio de Imperatriz, no Maranhão. Em seis anos, foram quatro casos que ganharam repercussão na imprensa local. O último é do apresentador Lucas Ferraz, preso por agredir a companheira em 2022 e anunciado, meses depois, como a grande contratação do ano da TV Meio Norte.
O que se espera de uma figura pública, envolvida em qualquer crime, é o reconhecimento do seu erro e o compromisso em repará-lo através de ações concretas que estimulem o conjunto da sociedade a repudiar e a se posicionar diante de tais crimes. É cumprir a pena que o Estado, através dos órgãos competentes, lhe imputa, e fazer autocrítica dos seus antecedentes comprometendo-se a mudar sua postura e não usar a vítima, como o fez Lucas Ferraz, convencendo-a a retirar as acusações e fazendo-a assumir a responsabilidade das escoriações de seu corpo por autoflagelação. Prática comum de agressores que mantêm o controle sobre a vítima, seja por dependência emocional ou financeira. É uma atitude tão covarde e traiçoeira quanto as violências físicas e psicológicas praticadas, uma prova contundente contra o seu caráter e a sua convicção de agressor.
Das empresas de comunicação e de seus gestores, espera-se uma postura responsável com a desnaturalização da violência contra as mulheres e meninas, além de contribuírem para a efetivação das legislações em vigor. Principalmente, porque são espaços de produção de imagens e discursos que podem formar criticamente os cidadãos ou atuar na naturalização de violências de todo o tipo.
Diante disso, viemos a público manifestar nossa indignação diante dos atos de agressão praticados por Lucas Ferraz contra sua namorada e pedir às autoridades competentes a cassação dos registros profissionais de agressores com base no Artigo 6º, parágrafo XI do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, que estabelece como dever do jornalista “defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias individuais e coletivas, em especial as das crianças, dos adolescentes, das mulheres, dos idosos, dos negros e das minorias”.
Desta forma, entendemos que manter profissionais acusados de agressão contra mulheres exercendo a função de apresentadores de telejornais fere os princípios éticos da profissão de jornalista e desrespeita as legislações nacional e internacional – das quais o Brasil é signatário – e as políticas públicas de enfrentamento à violência, particularmente, nesse caso, quando o agressor insiste em continuar praticando violência de gênero para se defender, fazendo a própria vítima se responsabilizar por seus crimes.
Sobre os outros casos - Em 2017, o radialista Francisco Charles Renald Ribeiro Torres, conhecido por Renald Café, foi autuado sob a acusação de ato libidinoso contra menores de idade em uma cabine de rádio onde trabalhava. Ele foi preso em flagrante e liberado dois meses depois. No ano seguinte, o radialista Danilo Lima foi preso por ferir o rosto da esposa com golpes de garrafa. Em 2019, Alex Alves, do programa Focalizando, foi preso por agressão física e psicológica contra os filhos e a esposa, ameaçando e mantendo-os em cárcere privado. Quase todos eles continuam trabalhando na área de comunicação.
Entendemos que os veículos de comunicação desempenham um papel importante para construção social da realidade e, por isso, todos que os compõem devem ter uma conduta condizente com o ideal de uma sociedade que preze pela segurança e bem-estar das meninas e mulheres. Empresas devem se responsabilizar por suas equipes e não podem ser coniventes com funcionários agressores. Tanto jornalistas mulheres e LGBTIA+ não devem conviver com colegas acusados de agressão, sobretudo violência de gênero, quanto o público não pode ter assegurado seu direito a um jornalismo sério e comprometido com a igualdade de gênero e o interesse público quando agressores são contratados por empresas jornalísticas.
RespeitoÀsMulheres #ChegaDeViolência #NãoÀImpunidade
Fonte.https://www.angranoticias.com/