Um estudante do quarto ano de medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG) é investigado pela Polícia Civil por comparar gays a práticas pedófilas. O jovem fez as postagens em uma rede social utilizando termos considerados homofóbicos, como "movimento gayzista", "boiola" e "viadão macho".
"A partir do movimento 'gayzista' e sua defesa pela liberdade de ser e viver como quiser, o que impediria um pedófilo de defender que sua forma de viver é uma opção a ser respeitada?", escreveu o estudante.
Ele ainda afirmou que o problema "não é ser 'boiola'", mas as "graves consequências de defender os princípios" do movimento LGBTQIAP+. "Tem muito 'viadão macho' por aí que são dignos e honestos", disse o investigado.
Em outra postagem o jovem utilizou uma charge para fazer mais uma comparação entre o movimento queer e a pedofilia.
"Esse é o preço da desorientação sexual defendida pelo movimento LGBTQIA", escreveu ele na imagem.
O investigado afirmou ao G1 que o própria rede social apagou suas publicações e que ele deletou seu perfil na plataforma.
A delegada responsável pelo caso, Carolina Neves, informou ao portal que, devido à repercussão, o caso será prioridade no Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), e que o suspeito logo será intimado a prestar depoimento.
A Faculdade de Medicina da UFG publicou uma nota de repúdio em seu site oficial sobre o caso, assinada pela coordenação do curso, reforçando que não compactua com os discursos e as posições do aluno. Confira a nota na íntegra:
A Faculdade de Medicina da UFG, desde a sua fundação, tem sido importante para a formação de profissionais de excelência e contribuído para a formação de pessoas éticas e conscientes.
Com esse propósito, a Coordenação do Curso de Medicina da UFG vem a público dizer que repudia, com veemência, qualquer forma de discriminação e discursos de ódio, preconceito e violência ou atos que firam os princípios da diversidade e da representatividade no âmbito da Instituição e na sociedade em geral.
Em razão de publicação de declarações de cunho homofóbico emitidas por membro de nossa comunidade discente em redes sociais torna-se premente reforçar nosso posicionamento como uma Instituição que não compactua com tais discursos e posições.
Dessa forma, esta Coordenação, alinhada às políticas institucionais da Universidade Federal de Goiás, defende o ambiente universitário como um lugar plural de proteção de direitos fundamentais, que luta contra visões de mundo que atentem contra a dignidade das pessoas.
Por fim, ressaltamos que a Constituição Federal, no artigo 3º, inciso IV, prevê como objetivo nacional a promoção do bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Reassumimos o nosso compromisso e proposições éticas e acadêmicas de promoção de uma cultura de paz.
Prof. Dra. Eliane Terezinha Afonso
Prof. Dr. Rui Gilberto Ferreira