Mensagens de ódio contra a comunidade LGBTQIA+ nas redes sociais vem ganhando cada vez mais espaço. O volume de mensagens negativas aumentou quase 9,4% nos últimos quatro anos, enquanto as positivas caíram 41,25%.
Essa é a principal conclusão do relatório "Discurso de ódio e orgulho LGBTQIA+ na conversa digital”, elaborado pela LLYC, empresa global de consultoria em comunicação e assuntos públicos.
Usando técnicas de Big Data e Inteligência Artificial, a equipe Deep Digital da consultoria analisou mais de 169 milhões de publicações nas redes sociais para entender como tem evoluído o diálogo entre as comunidades apoiadoras e LGBTfóbicas nos 12 países em que a empresa está presente.
Dez deles são na América ( Estados Unidos , Brasil , México , Argentina , Colômbia , Chile , Peru , Equador, Panamá e República Dominicana ), e dois na Europa ( Espanha e Portugal ).
As principais narrativas de apoio identificadas no relatório têm a ver com o apoio do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à causa LGBT ; à comunidade queer como um todo, em especial a trans; à celebração do Orgulho em todo o mundo: à promoção do respeito pelas decisões sobre identidade de gênero; e às reivindicações para colocar a bandeira do arco-íris em instituições-chave.
Ao contrário, as narrativas desqualificadores que mais fazem sucesso são as que se referem à aversão ou ao ódio contra essa comunidade; denúncias sobre a chamada ideologia de gênero ; críticas a supostos privilégios do grupo queer e adoção por casais LGBTQIA+.
De acordo com o estudo, no Brasil houve um decréscimo significativo de 46,24% nas manifestações nas redes sociais em pró das pautas LGBT+, enquanto a comunidade opositora registrou um aumento de 13,16%.
Além disso, no final de 2022, observou-se um aumento no número de membros da comunidade opositora. Entre as principais narrativas positivas destacam-se a celebração do Mês do Orgulho; o reconhecimento da Parada do Orgulho LGBT+ como um evento de causa importante para conscientização; a promoção do respeito pelos direitos LGBTQIA+ e denúncias sobre violência nas prisões.
Por outro lado, as principais narrativas opositoras envolvem a rejeição à adoção de crianças por casais LGBTs; o uso do termo "ideologia de gênero" como um ataque ao coletivo; e críticas a supostos "privilégios" da comunidade LGBTQIA+.
Para David González Natal, sócio da LLYC e líder do relatório, é preocupante tanto o crescimento do discurso de ódio quanto o retorno metafórico ao "armário digital" (em alusão a expressão "armário", usada para se referir a pessoas que têm receio de falar abertamente sobre suas identidades e sexualidade queer).
“Tudo isso faz com que, por um lado, devemos pensar mais do que nunca em medidas que protejam o coletivo [queer] desses ataques a que são submetidos nas redes sociais, mas também em como projetar histórias positivas de impacto que promovam conversas positivas e solidárias. Empresas e marcas têm um papel claro em tudo isso muito além do Pride [Mês do Orgulho]”, destaca.
Para ajudar a melhorar o discurso do orgulho LGBTQIA+ contra o discurso de ódio e conscientizar a sociedade sobre o quão perigoso é para esse grupo amplificar essas mensagens depreciativas, a LLYC lançou a campanha 'Rainbot', o primeiro bot que transforma tuítes de ódio contra o coletivo LGBTQIA+ em poemas que celebram a diversidade.
O software localiza as mensagens odiosas no Twitter e, usando uma inteligência artificial generativa, detecta as palavras ofensivas e as transforma em pequenos poemas de apoio à comunidade que depois são compartilhados para que possam ser ampliados. O bot foi desenvolvido pelas equipes criativas e Deep Digital da consultoria.