Você sabe como ajudar alguém com depressão? A depressão muda a dinâmica dos relacionamentos no seio familiar, no grupo de amigos e no ambiente de trabalho. É inevitável.
O comportamento da pessoa depressiva se modifica devido à manifestação de sintomas e, às vezes, até mesmo manter uma conversa chega a ser desafiador, afirmam os psicólogos. A pessoa deprimida fica facilmente irritada, impaciente e negativa.
Assistir alguém querido sofrer com a tristeza e a melancolia características da doença não é fácil.
Mesmo demonstrando o seu apoio e repetindo palavras acolhedoras, a pessoa deprimida pode não reagir da forma esperada ou não ter nenhuma reação por um tempo.
Infelizmente, essas atitudes podem causar o afastamento de amigos e familiares.
A pessoa depressiva precisa de compreensão, paciência e muito cuidado. No estado emocional confuso em que se encontra, ela não consegue enxergar a intensidade de seus comportamentos. É preciso tratar a situação com delicadeza.
É normal você não saber como agir para ajudar e sentir-se frustrado por não conseguir mudar a situação. Lidar com a depressão, seja para quem a sente ou para quem está de fora, é complicado.
Compreendendo a depressão no outro
Primeiro de tudo, você precisa entender que muitos comportamentos e palavras da pessoa querida resultam dos sintomas da depressão.
A irritabilidade pode ser latente e causar argumentos entre vocês, mas lembre-se de “não morder a isca” da cólera sentida pelo outro. Você não deve levar os sintomas para o lado pessoal.
Por mais que o depressivo aceite um convite seu para fazer alguma coisa divertida, ele pode não querer participar quando chegar lá ou ficar no canto dele, em silêncio. É difícil para a pessoa depressiva agir como antes de uma hora para a outra.
Não é uma questão de mudança de humor, como se ela pudesse simplesmente puxar uma alavanca e ficar animada.
Do mesmo modo, não é uma questão de comodismo. Se a pessoa com depressão fica o dia inteiro na cama ou não tem motivação para fazer coisas que, ao seu ver, são simples, não é porque ela é preguiçosa.
Esse pensamento é prejudicial, pois pode agravar a condição da pessoa e, ainda, afetar o relacionamento entre vocês.
Quem observa de fora se sente mal ao notar o estado delicado do ente querido. Essa percepção pode ser assustadora a princípio. Afinal, não se sabe o que está passando na cabeça do outro. Mas não é preciso ter medo do que a pessoa pode fazer a si mesma.
Pensar em como ela pode piorar não é nada produtivo e agir como se nada estivesse acontecendo também não é a solução.
Então, o que pode ser feito para ajudar?
O que fazer para ajudar
Você pode tomar atitudes bem simples para ajudar alguém com depressão. Até os menores gestos são importantes para demonstrar o carinho que você sente pela pessoa.
Demonstre apoio
É mais importante do que nunca demonstrar o seu apoio para o depressivo, que tende a pensar que ninguém pode ajudá-lo ou se importa com ele.
Mesmo que para você o sentimento entre vocês seja óbvio, os sintomas impedem a pessoa de ver além dos seus pensamentos negativos. Reforce o quanto a relação de vocês significa através de palavras calorosas.
Seja um bom ouvinte
Pergunte à pessoa como tem se sentido. Torne-a o assunto principal da conversa para mostrar que você se importa. Peça para que compartilhe pensamentos e sentimentos guardados dentro de si.
Pessoas depressivas geralmente escondem o que sentem para parecerem “normais” aos olhos dos outros. Em vez de bombardeá-la com conselhos, apenas diga “como posso ajudar?”.
Mantenha contato
Embora a comunicação com seu amigo possa diminuir um pouco, procure mandar mensagens perguntando como foi o dia dele ou como ele está. Compartilhe coisas engraçadas e positivas.
No caso de um familiar ou companheiro que mora na mesma casa, lembre-se de mostrar interesse em seus afazeres mesmo que não passem todos os momentos do dia juntos.
Incentive-o a buscar ajuda
A terapia é fundamental para tratar a depressão. A pessoa depressiva alimenta crenças de caráter negativo, as quais são capazes de cegá-la.
Não é fácil combatê-las sozinhos, por mais que muitos pensem o contrário. Um psicólogo pode ajudar a pessoa querida a mudar a sua perspectiva sobre a vida e si mesma, através da psicoterapia.
Se ofereça para ajudar com tarefas diárias
Você sabia que o depressivo não sente vontade de realizar pequenas tarefas? Arrumar a casa, lavar a louça, cozinhar e organizar o quarto passam a exigir muito esforço. É também comum que a higiene pessoal piore.
A pessoa deixa de lavar o cabelo, usar roupas limpas e tomar banho. Você, como alguém querido para ela, pode se oferecer para ajudar com os afazeres domésticos. Não é necessário arrumar a casa inteira, mas, sim, propor que concluam algumas tarefas juntos para servir de incentivo.
Aprenda mais sobre depressão
Conheça os sintomas da doença bem como eles se manifestam para poder identificar comportamentos semelhantes na pessoa querida. Por exemplo, a tristeza é a característica mais conhecida, mas não é a única. Raiva, desânimo, indiferença, desorganização, negatividade, insônia, dores musculares e enxaquecas também são sinais claros de depressão.
A intenção não é se tornar um especialista no assunto, mas aprofundar a sua compreensão do tema para melhorar a convivência.
O que não fazer
Alguns dos pontos abaixo já foram discutidos no início do texto, mas são tão comuns e importantes que devem ser reforçados.
Ainda é muito comum que pessoas próximas ajam com descuido em relação às condutas do depressivo. Palavras ásperas e cobranças, contudo, são extremamente desnecessárias neste contexto.
Desmerecer o que a pessoa sente
Não é “frescura”. Não é estar triste. Palavras como “Isso é tudo da sua cabeça”, “Vai fazer algo útil” e “Você deveria ser mais grato pela vida” não ajudam a situação. Se a depressão não for tratada com seriedade pode levar ao suicídio.
Portanto, a última coisa que deve ser feita é questionar o que a pessoa está vivenciando. Em vez de tentar arranjar “soluções”, procure entender.
Tentar “consertar” a situação
Você deve encorajar o otimismo, mas não forçá-lo. Da mesma forma, você deve encorajar programas diferentes ou encontros em casa, mas não forçá-los. Veja como a pessoa está se sentindo antes de propor atividades muito extremas.
É realmente complicado encontrar a linha tênue entre o que funciona e o que não no início. Aos poucos, no entanto, você começa a entender os sinais que a pessoa lhe dá.
Questionar os medicamentos do psiquiatra
Apesar de muitas pessoas terem preconceito com medicamentos, eles são úteis e muito necessários. A depressão é resultado de um desequilíbrio químico no cérebro e o remédio ajuda a corrigi-lo. Se a pessoa depressiva toma um medicamento, não seja pessimista em relação a ele.
Se possível, lembre-a de tomá-lo conforme as orientações do psiquiatra para obter os resultados desejados. Ela também pode ficar chateada por precisar tomá-lo já que os medicamentos psiquiátricos são associados à loucura. Ajude-a ver que não há nada de errado em precisar de remédios.
Dar conselhos sem conhecimento
Assim como frases negativas não curam ninguém, frases positivas também não. Quem não teve depressão pode não entender que palavras de encorajamento não são absorvidas da mesma forma pelo depressivo. Soluções caseiras disseminadas pelo boca a boca também não ajudam!
Por mais que você tenha a melhor das intenções, conselhos e frases motivacionais podem acabar tendo o efeito contrário. Sendo assim, não aconselhe a pessoa se não tiver certeza do que você está falando.
Fazer comparações
Comparar-se é um veneno para qualquer pessoa, seja depressiva ou não. As comparações aumentam a ansiedade e a pressão em cima de nós. Faz muito mais sentido ver as qualidades do que comparar o que você não tem ou gostaria de ter.
Para a pessoa com depressão, as comparações são ainda piores porque insinuam que ela não está fazendo o necessário para melhorar. E isso não é verdade.
Autocuidado é importante
Cuidar de você também é importante, sabia? Ajudar alguém com depressão pode ser exaustivo. O pessimismo alheio pode querer se acomodar em você.
Além disso, a exaustão do trabalho mental para dizer a coisa certa e fazer a coisa certa o tempo inteiro pode deixá-lo estressado. Não se sinta mal se precisar de uma pausa.
Cuide de você enquanto cuida do outro. Afinal, se você não estiver bem, não poderá ajudar os outros. Se ficar sobrecarregado com a quantidade de emoções, pare, respire e reserve um tempo para se livrar desta carga.
Afaste-se por um período ou busque ajuda profissional, especialmente se a convivência for diária.
Fonte: www.psicologo.com.br