A polícia nigeriana prendeu mais de 200 pessoas em um casamento gay , na última segunda feira (28), o que foi considaderado uma das maiores detenções em massa dos últimos anos contra a comunidade LGBT+ no país, segundo informações da CNN.
Um porta-voz da polícia no estado do Delta do Sul disse aos repórteres que 67 pessoas serão processadas por “supostamente conduzirem e comparecerem a uma cerimônia de casamento entre pessoas do mesmo sexo”.
Em uma transmissão ao vivo na última terça-feira (29), um oficial da polícia descreveu o evento como "maligno" e afirmou que “não podemos copiar o mundo ocidental. Somos a Nigéria e devemos seguir a cultura deste país”. Atrás dele estavam os suspeitos, alguns dos quais disseram aos jornalistas na transmissão ao vivo que não eram gays, mas sim modelos e designers de moda.
A Amnistia Internacional Nigéria condenou a situação como “uma caça às bruxas” e apelou à polícia estadual do Delta para libertar as pessoas detidas, que foram “presas e apresentadas aos meios de comunicação social”.
“Numa sociedade onde a corrupção é galopante, a lei que proíbe as relações entre pessoas do mesmo sexo é cada vez mais utilizada para assédio, extorsão e chantagem de pessoas por agentes da lei e outros membros do público. Isto é inaceitável”, escreveu o grupo de direitos humanos na rede social X.
A polícia afirma que uma gravação de vídeo da festa de casamento e supostas substâncias proibidas foram obtidas durante a operação.
“O local do evento ilícito foi revistado e no local foram recuperados os seguintes itens: um frasco de codeína, três copos de cannabis canadense refinada, cinco sachês de SK, um sachê de tramadol, quatro comprimidos da droga molly, um triturador, e vestidos cerimoniais de casamento gay”, disse a polícia em um comunicado.
Esta última detenção ocorre cinco anos depois de 57 homens acusados de homossexualidade terem sido detidos durante uma operação policial em 2018 em um hotel em Lagos, a maior cidade da Nigéria.
Um levantamento do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), divulgado em maio deste ano, revelou que 67 países criminalizam relações entre pessoas do mesmo gênero. Os dados ainda revelaram que 20 nações tipificam a diversidade de gênero como delito e ao menos 10 países impõem a pena de morte em casos de relações homoafetivas.